22 anos sem Raul Santos Seixas, o ídolo de várias gerações |
Foi numa segunda feira, às 9 horas da manhã. Raul Santos Seixas, meu maior ídolo, partiu na sua nave espacial para encontrar "o seu moço do disco voador"; partiu numa "metamorfose ambulante", levado pelo "trem das sete". Face à falta de insulina, uma paragem cardiorespiratória calou e paralisou a "areia da ampulheta".
Uma perda irreparável para a música brasileira. Gênio, poeta, louco, contestador, irreverente, Raulzito era 100% rock`n`roll, de corpo e alma. Filho do casal Raul Varella Seixas e Maria Eugênia Seixas, Raul cresceu numa Salvador um tanto estagnada, alheia aos progressos de uma modernidade que passava ao largo da capital baiana.
Raul Seixas fundiu o tal rock'n roll com todas as variações rítmicas brasileiras, do xote ao baião, ajudando a criar a cara do rock nacional. Raul falava dele mesmo; tudo o que ele disse ou cantou eram coisas que ele acreditava. Ele era sincero.
Além de cantor e compositor, também foi produtor musical da gravadora CBS durante sua estada no Rio de Janeiro, por vezes chamado de "Pai do Rock Brasileiro" e "Maluco Beleza". Sua obra musical é composta de 21 discos lançados em seus 26 anos de carreira e seu estilo musical é tradicionalmente classificado como rock e baião, e de fato conseguiu unir ambos os gêneros em músicas como "Let Me Sing, Let Me Sing".
Seu álbum de estreia, Raulzito e Os Panteras (1968), foi produzido quando ele integrava o grupo Os Panteras, mas só ganhou notoriedade crítica e de público com as músicas de Krig-ha, Bandolo! (1973), como "Ouro de Tolo", "Mosca na Sopa", "Metamorfose Ambulante". Raul Seixas adquiriu um estilo musical que o creditou de "contestador e místico", e isso se deve aos ideais que vindicou, como a Sociedade Alternativa apresentada em Gita (1974), influenciado por figuras como Aleister Crowley.
Krig-ha, Bandolo!: Primeiro disco solo de Raul Seixas |
Em outubro de 2008, a revista Rolling Stones promoveu a Lista dos Cem Maiores Artistas da Música Brasileira, cujo resultado colocou Raul Seixas figurando a posição 19ª, encabeçando nomes como Milton Nascimento, Maria Bethânia, Heitor Villa-Lobos e outros. No ano anterior, a mesma revista promoveu a Lista dos Cem Maiores Discos da Música Brasileira, onde seu Krig-ha, Bandolo! de 1973 atingiu a 12ª posição, demonstrando que o vigor musical de Raul Seixas continua a ser considerado importante hoje em dia. Suas letras continuam atuais e igual a ele ou ao menos próximo, nunca mais veremos.
O inesquecível “Maluco Beleza” estaria hoje com 66 anos e, provavelmente, continuaria doidão e sendo a mosca na sopa de muita gente por aí.
Pois é; "quem não tem colírio usa óculos escuro" e com certeza eu também "prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo". Enfim, “controlando a minha maluquez” e “misturando com minha solidez”, deixo aqui minha modesta homenagem ao grande Raul Seixas. Assim como ele, não quero ficar com a “boca escancarada cheia de dentes, esperando a morte chegar”.
”A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal”. Valeu, Raulzito !!!
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