sábado, 27 de janeiro de 2018

Servidores do EMATER-PI e da ADAPI estão trabalhando em condições desumanas

Situação do escritório do EMATER e da ADAPI em Barreiras do Piauí é o fiel retrato do descaso do Governo


A governadora em exercício Margarete Coelho assinou, com muita pompa, dia 11 de dezembro de 2017, segunda-feira, o Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos dos servidores da Agência de Defesa Agropecuária do Piauí (ADAPI) e do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER). A proposta foi encaminhada e lida na Assembleia Legislativa.

Pura enganação! Quando o SINTERPI e a ASDAPI Sindical analisaram o documento, perceberam que não era aquilo que havia sido negociado.

Imediatamente, os sindicatos que representam os servidores da ADAPI e do EMATER pediram à Mesa Diretora da ALEPI que não colocasse a matéria em votação, tendo em vista que seria prejudicial para as duas categorias.

Em situação pior ainda está o escritório local do EMATER-PI na cidade de Gilbués, a 73 km de Corrente

Jeitoso, puxa aplausos da plateia, inclusive dos servidores, mesmo com tabelas já reduzidas em 25%, porque chegaram à conclusão de admitir que: “ruim com ele, pior sem ele”. Só que, reservadamente, já acordava entre os assessores a modificação total do plano, empurrando-o mais ainda para a mediocridade, de modo a que, perversa e duramente, pudesse humilhar os servidores. Baixou-lhe mais ainda os valores das tabelas, alongou o prazo de pagamento de um para dois anos, criou critérios para dificultar a progressão, dentre outros. Enfim, fez de tudo para que desistíssemos”, diz Carlos Alberto Nogueira Barbosa, presidente do SINTERPI, alfinetando o pré-candidato à reeleição, Wellington Dias, que quer de novo o nosso voto. Será?

Em artigo publicado na página do SINTERPI, intitulado “A EXTENSÃO RURAL EM DESAPREÇO”, o presidente do SINTERPI, Carlos Alberto Nogueira Barbosa, juntamente com os presidentes do SINTAPI, João Batista Moreira de Melo, e da AEAPI, José Tadeu Santos Oliveira, denunciam que os servidores do EMATER lutam, desde o final do segundo mandato do governador Wellington Dias (PT), por condições de trabalho, que se alicerçam em salários dignos, logística de apoio e capacitação continuada.

E o que não dizermos do escritório local do EMATER-PI em Lagoinha do Piauí, a apenas 90 km de Teresina?

O governo, aproveitando-se do desentendimento, satisfez-se em não ter uma obrigação a mais que implicasse em despesa para o Estado – e assim finda o seu terceiro mandato sem dar a mínima atenção ao EMATER e à ADAPI.

Acompanhe, na íntegra, o artigo assinado pelo presidente do SINTERPI:

“No segundo ano do primeiro governo Wellington Dias, ele deu um plano salarial aos servidores do EMATER, que, mesmo de valores a desejar, foi o suficiente, com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, para a retomada das ações de assistência técnica e extensão rural por que tanto clamava a sociedade piauiense. Porém, como a inflação oficial brasileira não é real, mesmo com suas correções feitas quase que anualmente, os salários se defasaram a níveis insuportáveis. Por isso, desde o final do seu segundo mandato, os servidores da instituição lutam por condições de trabalho, que se alicerçam em salários dignos, logística de apoio e capacitação continuada. À época, nada foi possível porque os servidores não acordaram em torno de uma proposta que satisfizesse a todos. O governo, aproveitando-se do desentendimento, satisfez-se em não ter uma obrigação a mais que implicasse em despesa para o Estado – e assim finda o seu mandato.

Durante alguns meses dirigentes sindicais conversaram com o Governo, mas as negociações não avançaram

Depois, durante os quase cinco anos que se seguiram, dois governantes estiveram à frente da gestão estadual. Mas, apesar dos dirigentes escolhidos para o EMATER prometerem apoiar, dirigir e coordenar as ações de Ater de forma a cumprir com as atribuições constantes do Regimento Interno da instituição, sua atuação só contribuiu para a nossa fragilização paulatina.

Em 2015 retorna Wellington Dias trazendo esperança a todos os servidores do EMATER, agricultores e sociedade piauiense, por ter se utilizado dos palanques eleitorais prometendo o resgate das ações de extensão rural feitas pela instituição. Agora, findando o seu terceiro ano de governo, em discurso proferido na abertura da Feira Agropecuária de Teresina, no final de 2017, alardeou que iria dar os planos de cargos e salários do EMATER e ADAPI.

E vida que segue para os servidores do EMATER e da ADAPI: salários aviltados e sem nenhuma estrutura

Veja-se: o plano prometido em seu discurso começou a ser negociado com seus assessores no início do governo, dentro dos parâmetros de construção de outros planos do estado que foram implantados ainda no governo Wilson Martins, com teto de 8 mil aos graduados de melhor currículo e proporcionalidade justa aos demais servidores pela similitude do trabalho que desempenham.  Mas, não se sabe o porquê, de lá para cá, aproveitando-se da fragilidade dos servidores, vem baixando tabelas, protelando e adiando fatos, até que somente agora em fim de ano, e às véspera de viajar para uma temporada no exterior, lança o plano nesse discurso entusiasmado como se estivesse fazendo algo relevante. Jeitoso, puxa aplausos da plateia, inclusive dos servidores, mesmo com tabelas já reduzidas em 25%, porque chegaram à conclusão de admitir que: “ruim com ele, pior sem ele”. Só que, reservadamente, já acordava entre os assessores a modificação total do plano, empurrando-o mais ainda para a mediocridade, de modo a que, perversa e duramente, pudesse humilhar os servidores. Baixou-lhe mais ainda os valores das tabelas, alongou o prazo de pagamento de um para dois anos, criou critérios para dificultar a progressão, dentre outros. Enfim, o governador, com sua equipe econômica, fez de tudo para que desistíssemos.

Nos pátios dos escritórios regionais do EMATER, carros sem qualquer manutenção estão virando 'ferro velho'
Resultado: Desistimos! Mas o fizemos com a consciência tranquila porque não merecemos tamanha humilhação. O EMATER já foi considerado a segunda melhor instituição de Ater do Brasil, perdendo apenas para Minas Gerais, na época em que os governantes o apoiavam a partir da atualização dos seus profissionais sobre as inovações tecnológicas. Por outro lado, respeitamos e até entendemos que muitos servidores estaduais que hoje têm salários dignos são merecedores, mas jamais nos humilhamos a quem quer que seja, porque estamos a “ano luz” dos piores em conhecimento, habilidade de trabalho e desempenho, quando somos condicionados a cumprir tarefas.

Contudo, finalizamos aguardando que o governo repense o seu desapreço pela extensão rural, que o EMATER pode e deve por em prática, revendo a condição sub-humana por que passam os seus servidores, os agricultores piauienses e muitas famílias que, mesmo morando nas cidades, optam pela a aquisição de produtos mais saudáveis e mais baratos advindos da agricultura familiar. São estes e outros motivos importantes que nos levam a nunca desistir de reivindicar nossos direitos, respeito e dignidade.

CARLOS ALBERTO N. BARBOSA - Presidente do SINTERPI
JOÃO BATISTA MOREIRA DE MELO - Presidente do SINTAPI
JOSÉ TADEU SANTOS OLIVEIRA - Presidente da AEAPI”  

Com tantos problemas, fica difícil técnicos do EMATER darem assistência técnica a agricultores familiares
O EMATER-PI possui 670 servidores efetivos. De acordo com diretor financeiro do Sindicato, Lázaro da Silva, os servidores possuem um Plano de Cargos do ano de 1993, que está “defasado”. Mesmo assim, o governador Wellington Dias virou as costas para instituição que é de fundamental importância, pois tem a missão de operar políticas Públicas que contribuam para melhoria do ambiente rural e para qualidade de vida das famílias do meio rural, bem como orientar os agricultores familiares no desenvolvimento de sistemas de produção para que os mesmos sejam sustentáveis e gerem renda suficiente para conferir competitividade aos negócios que sustentam as propriedades rurais e permitem às famílias vida digna e com qualidade.

Em Santa Filomena, no cerrado piauiense, apesar de ser proprietária do prédio, onde também funciona a USAV/ADAPI, o escritório do EMATER não dispõe de viatura nem computador. A sala, destinada aos três técnicos, possui apenas 3 mesas, 3 cadeiras e 3 armários de ferro, por sinal, bem antigos.

Escritório local do EMATER-PI em Santa Filomena: sem transporte, sem computador ... Assim não dá, né!
Já a ADAPI conta em todo o Piauí com 655 funcionários (248 técnicos, 150 fiscais, 44 administrativos e 13 serviços gerais) e desempenha a importante função de prevenir e evitar a introdução e a disseminação de pragas vegetais, mas, sobretudo, atua no controle das doenças que podem acometer o rebanho e os produtos de origem animal, especialmente através da vacinação do rebanho contra a Febre Aftosa e certificação nos postos do órgão.

A unidade da ADAPI em Santa Filomena, assim como o EMATER, está caindo aos pedaços, literalmente. Só existe uma mesa, cinco cadeiras (uma das quais, quebrada), um velho computador, já ultrapassado. O ar condicionado não presta e a janela se acha “escorada” por um armário, após tentativa de arrombamento. Por outro lado, a USAV (Unidade de Saúde Animal e Vegetal) não conta com nenhuma viatura. É abandono total.

E em condições parecidas está a ADAPI de Santa Filomena, onde já houve até tentativa de arrombamento
Sem condições de trabalho, não há como produzir. E como resultado negativo desse desprezo que o Governo Estadual impõe à ADAPI, o índice vacinal contra a Febre Aftosa está muito aquém dos 90% desejados e necessários. Dessa forma, o Piauí vai retardar o seu status de área livre de Febre Aftosa com vacinação, a abertura para o mercado exportador e, inclusive, a certificação pela OIE, que é Organização Mundial de Saúde Animal.

De acordo com o presidente da ASDAPI Sindical (Sindicato dos Servidores Efetivos da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Piauí), Gregório da Silva Costa Júnior, a greve do dos servidores da ADAPI, suspensa no último dia 22, foi ocasionada pelos descumprimentos de acordos pelo Governo.

RESULTADO: O índice de vacinação contra a Febre Aftosa está longe de atingir 90%. Pior para o Piauí!
"O governo mandou em dezembro o PCCV para ser aprovado na ALEPI, porém todo alterado de forma unilateral, o que mais prejudicava as categorias (ADAPI e EMATER) do que beneficiava. Em razão disso, barramos a votação na Assembleia e iniciamos o movimento grevista que se encerrou na última segunda-feira (22), sem nenhum avanço nas negociações. Mas estamos iniciando o Movimento Adapi Legal, em que vamos trabalhar conforme as condições permitirem. Hoje, os servidores tiram do próprio bolso para garantir internet, material de consumo do escritório, conserto de veículos, aquisição de gasolina, óleo ...", diz Gregório Júnior, presidente da ASDAPI Sindical.

É assim que o governador Wellington Dias vem tratando a maioria dos serventuários estaduais, com absoluto descaso. Para uns, como a “massa falida” do EMATER e da ADAPI, nada pode. Mas para outros, como os fazendários, tudo pode, pois, pelo que se sabe, autorizou reajuste de R$ 5.514,00 para R$ 8.161,35. Seriam, portanto, dois pesos e duas medidas?

Se é dessa forma que merecemos ser tratados, governador Wellington Dias, tudo bem! Voltaremos a nos encontrar dia 7 de outubro de 2018 ...