quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Lembra do escândalo das ‘papeletas amarelas’ no Flamengo? Sabe quem o denunciou?

O escândalo denunciado por Antonio Nogueira ganhou projeção nacional e foi destaque no jornal O Globo


O escândalo das Papeletas Amarelas ocorreu devido a um conflito político interno no Clube de Regatas do Flamengo, que na época fez ficar evidente que o clube destinava parte de suas receitas para a compra de árbitros e adversários. As provas (notas fiscais de cor amarela) da picaretagem surgiram em 1986, mas o esquema em si ninguém sabe quando começou.

O escândalo ocorreu durante a administração do presidente George Helal, com valores que podem ter chegado a Cz$ 4.000.000,00 (Quatro Milhões de Cruzados), quantia igual gasta na época pela equipe rubro-negra na negociação atacante Kita. Após as denúncias, o Conselho Deliberativo do Flamengo queria saber onde tinham sido gastos os 300 mil cruzados depositados na conta do vice presidente de esportes amadores, Leo Rabelo.

Antonio Nogueira Neto, jornalista piauiense radicado no Rio há 40 anos, foi quem denunciou o Escândalo

Duas versões surgiram na época: a do vice presidente Leo Rabelo, que garantiu que o dinheiro fora usado para pagamentos a atletas amadores e profissionais, mas não apresentou recibos provando o que dissera em sua defesa. Helal, que numa reunião com dirigentes do Flamengo, reafirmou que o dinheiro fora entregue ao diretor de árbitros da Federação, Paulo Antunes, resolveu dar um ponto final ao caso: "Os 300,00 mil cruzados foram distribuídos como doping positivo para incentivar os clubes pequenos contra nossos rivais", afirmou. Foi uma saída do esperto dirigente flamenguista.

Como subornador de árbitros, Helal seria incurso no artigo 288 no Código Brasileiro Disciplinar de Futebol e seria eliminado do esporte. Como aplicador de "doping positivo", passaria para o 289, com pena de 90 a 360 dias.

A revista Placar de 13/10/1986 também repercutiu o tema, através do saudoso jornalista Marcelo Rezende
À expressão "notas fiscais", utilizada em sentido figurado, cabe uma explicação: o conteúdo das papeletas amarelas era mais semelhante ao dos famosos "caderninhos", encontrados nas casas dos traficantes de drogas quando são presos, visto que possibilitam um mínimo de controle contábil.

Sabe quem denunciou o Escândalo? - O que muita gente não sabe - eu também não sabia - é que quem primeiro denunciou foi Antonio Nogueira Neto, natural de Santa Filomena (PI), residente na cidade do Rio de Janeiro desde 1976, à época no Jornal dos Sports, que deixou de circular em 2012.

O bom jornalista Antonio Nogueira Neto "rala" muito, mas tem tempo de se divertir na Cidade Maravilhosa
“O caso mais emblemático de corrupção no futebol do Flamengo, as ‘papeletas amarelas’, fui eu quem descobriu e denunciou. E deu no que deu”, conta Nogueira, acrescentando que a diretoria do rubro-negro carioca retirava dinheiro através das papeletas amarelas (Caixa 2) para custear arbitragem.

“A denúncia veio a mim, através do presidente do Conselho Deliberativo, senhor Orlando de Souza Barros, sobre a diferença no caixa do Clube. O presidente do Flamengo era George Helal. Comecei a investigar os responsáveis e a mecânica do caso, até chegar à completa apuração. Foi o maior escândalo da história do Flamengo. O Jornal dos Sports deu muito destaque ao caso ”, relembra o jornalista piauiense Antonio Nogueira Neto.

Jornalista Antonio Nogueira (Jornal dos Sports) com Washinton Rodrigues, o Apolinho (Super Rádio Tupi)
Burrice dos Cartolas - De acordo com o flamenguista Antonio Nogueira, foi uma tremenda burrice dos dirigentes da época, pois o dinheiro nunca chegou aos destinatários que, segundo se comentava, seriam os árbitros (juízes).

“A coisa era mais ou menos assim: o dinheiro saia do caixa do Flamengo destinado ao pagamento de despesas. Se o jogo transcorresse normal, tudo bem! Porém, se o árbitro errasse e o Flamengo perdesse, era uma enxurrada de críticas, mas o dinheiro não retornava para os cofres do clube”, diz.

Ainda conforme Antonio Nogueira Neto, a contabilidade do Flamengo funcionava com dois tipos de papéis para as despesas: as ordinárias eram na cor azul; já nas despesas extraordinárias os recibos (Caixa 2) eram em papéis na cor amarela. Daí terem sido apelidadas de “papeletas amarelas”.

Francisco Horta, ex-presidente do Flu, entregando o troféu Bola de Ouro 87 ao jornalista Antonio Nogueira

“Eu recebi a denúncia muito antes do julgamento do Conselho Deliberativo; um mês antes do assunto ir a plenário, o presidente do órgão me revelou em off. Fui investigar e, após obter todos os detalhes, voltei a procurá-lo para dizer que iria publicar a matéria no Jornal dos Sports. E assim o fiz”, disse.

E conclui: “Um dos maiores embaraços da Justiça está justamente na presença dos chamados ‘laranjas’. Muitas vezes o crime por corrupção não é punido por essas e outras causas, pois a figura do laranja se apresenta”.

Em síntese, o Escândalo das Papeletas Amarelas foi um episódio, nunca devidamente esclarecido, de suposto suborno do Flamengo aos árbitros do Campeonato Carioca, durante a década de 80. Os recibos do suborno, investigados por Antonio Nogueira, eram de cor amarela, por isso o nome.

Antonio Nogueira (centro) com Elso Venâncio, Carlos Eugênio Lopes, Francisco Horta e Pierry Carvalho

BOLA DE OURO - O jornalista filomenense Antonio Nogueira Neto, por essa e outras reportagens esportivas, chegou a ganhar três vezes o prêmio Bola de Ouro, tradicional evento criado nos anos 70, pelo falecido jornalista José Jorge, que homenageava os destaques do ano em rádio, jornal e televisão.

Nas imagens acima, Antonio Nogueira aparece recebendo o prêmio BOLA DE OURO 1987, ao lado dos jornalistas Elso Venâncio e Pierry Carvalho, da Rádio Globo, e Washington Rodrigues, o Apolinho, da Super Rádio Tupi. Em 1987, Nogueira recebeu o troféu de Francisco Horta, cartola do Fluminense.

O Bola de Ouro era considerado o “Oscar da Comunicação Esportiva”.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Saiba quanto seu município vai receber de aporte financeiro do Governo Federal

Prefeitura de Santa Filomena, no extremo oeste do Piauí, vai receber R$ 142.768,07 de Aporte Financeiro


A Confederação Nacional de Municípios (CNM) calculou quanto cada Município deve receber do Aporte Financeiro aos Municípios (AFM), no valor de R$ 2 bilhões. O repasse foi anunciado na noite da última quarta-feira, 22 de novembro, durante audiência do presidente da República, Michel Temer, com o com líder do movimento municipalista, Paulo Ziulkoski, e representantes das entidades estaduais municipalistas, como a APPM.

A entidade aguarda agora a publicação de medida provisória informando aos gestores municipais a data em que o valor será depositado nas contas das Prefeituras. De acordo com Temer, o valor será creditado em dezembro.

A CNM destaca, no entanto, que o valor será distribuído sob a forma de Participação dos Municípios, porém, o valor será bruto, sem incidência do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB). A entidade municipalista (CNM) destaca ainda que o valor compõe a Receita Corrente Liquida (RCL) e, por isso, tem a mesma vinculação constitucional de gastos em saúde e educação que o Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

A conquista foi muito comemorada entre os prefeitos que - segundo dizem - enfrentam problemas para fechar as contas. A CNM reforça que a União, o engajamento e a mobilização dos gestores municipais mostrou que essa é a melhor forma de avançar nas pautas que trazem melhorias aos Municípios.

Santa Filomena irá receber R$ 142.768,07 (Cento e Quarenta e Dois Mil, Setecentos e Sessenta e Oito Mil Reais e Sete Centavos), quantia que também receberão Barreiras do Piauí e Ribeiro Gonçalves, de coeficiente 0,6. Gilbués, Monte Alegre e Baixa Grande do Ribeiro terão R$ 190.357,43.

Bom Jesus e Corrente, de coeficiente 1.4, vão receber R$ 333.125,50.

O município de Alto Parnaíba, no vizinho estado do Maranhão, de coeficiente FPM 0.8, terá direito a R$ 198.920,35. Já Tasso Fragoso, de coeficiente 0.6, receberá de AFM do Governo Federal a importância de R$ 149.190,26.

Confira aqui quanto seu Município deve receber de Aporte Financeiro.