quinta-feira, 24 de maio de 2018

Sem energia elétrica, empresa encerra atividades por causa do alto preço do diesel


Por falta de energia elétrica, a Cerâmica Mota, de Santa Filomena (PI), teve que encerrar suas atividades
A empresa Cerâmica Mota, do microempresário Celso Ferreira Mota, em funcionamento há mais de cinco anos, ininterruptos, está sendo obrigada a encerrar suas atividades por causa do elevado custo do óleo diesel.

Segundo Celso Mota, a empresa, que já teve 18 funcionários e atualmente vinha se mantendo com 6, chegou ao limite e não tem mais capacidade de cumprir com o pagamento dos salários dos trabalhadores, inclusive 13º Salário e abono de Férias. "Estou pagando para trabalhar", lamenta.

O galpão da Cerâmica Mota, que produzia 100 mil tijolos por mês, está vazio, sem perspectiva de retorno

Além do combustível estar inviabilizando o negócio, Celso Mota tem que comprar ainda o barro (argila) e a lenha, materiais indispensáveis na fabricação de tijolos furados. Aliás, com a instalação da Cerâmica Mota (antes Cerâmica Santa Filomena), melhorou muito o nível das construções, principalmente na cidade. Atualmente, graças à maior facilidade em adquirir tijolos, a preços bem mais acessíveis, quase não se constrói casas com adobe (tijolo cru) em Santa Filomena, nem mesmo na zona rural.

Gerador da Cerâmica Mota, que consome 12 litros/hora de óleo diesel e estava custando R$ 500 por dia

Sem dúvida, o fechamento da Cerâmica Mota vai causar o desemprego de seis a dez chefes de família, um problema de ordem social, e dificultar o direito a uma moradia digna e a conseqüente melhoria na qualidade de vida de muitas famílias filomenenses, fato que já é público e notório.

A Cerâmica Mota está a 400 m da BR-235/PI, a 8 km de Santa Filomena e a 6 km da linha da CEPISA

“Quando começamos, a gente gastava 140 reais por dia, para produzir quatro milheiros de tijolos. Hoje gastamos quase 500 reais. E o preço do milheiro de tijolos continua 400 reais, o mesmo valor de quando começamos”, conta Celso Mota que, embora sua empresa esteja a 400 metros da BR-235/PI (estrada Gilbués/Santa Filomena), a 8 quilômetros da cidade de Santa Filomena e a apenas 6 quilômetros da rede elétrica de alta tensão (linha Gilbués/Santa Filomena - 34,5 kV), não dispõe de energia elétrica.

No refeitório da Cerâmica, Celso Mota lamenta ter que fechar sua empresa por falta de energia elétrica
E acrescenta: “Mantive aqui dezoito funcionários, fui diminuindo e hoje estou com seis ou sete. Quando comecei aqui não tinha Cantina, não tinha nem a estrutura que tem hoje. Quer dizer, investi dinheiro e agora estou sem poder produzir porque está sendo inviável. O diesel ficou muito caro”.

Ainda conforme Celso Mota, a Cerâmica não só vinha gerando empregos diretos e indiretos, mas também melhorou a qualidade das construções, tendo em vista que o tijolo que vem de fora está em torno de R$ 600.

TRISTE! Lamentavelmente, a última "fornada" da Cerâmica Mota foi queimada na terça-feira passada (22)
“Se tivermos energia elétrica capaz de suprir a nossa demanda, claro que vamos ter condições de manter o preço de 400 reais ou até vender mais barato do que o valor que a gente vinha mantendo faz cinco anos. E ainda teremos a possibilidade de aumentar a produção em pelo menos 30 por cento. Ou seja; quando um dia a gente contar com energia elétrica, aí sim, vamos poder aumentar a produção e reduzir custos”, diz Celso.

Toda a produção da Cerâmica Mota - cerca de 100 milheiros mensais - vinha sendo comercializada no próprio município de Santa Filomena. São dois fornos, cada um com capacidade para “queimar” 30 mil tijolos.

A Cerâmica Mota possui dois fornos, cada um com capacidade para queimar até 30 mil tijolos furados
A última fornada foi “queimada” na terça-feira passada, 22 de maio de 2018.

A deficiência da Eletrobrás Piauí (CEPISA) em servir o município de Santa Filomena com energia elétrica, em especial, o Vale do Taquara, levou com que Celso Mota, proprietário da Cerâmica Mota, tomasse a decisão de fechar a unidade que, devido ao preço do diesel, estava operando no vermelho.

E AGORA?  O empresário Celso, que se desfez de bens para comprar a Cerâmica, vai ficar no prejuízo?
E agora? O empresário Celso Ferreira Mota, que se desfez de bens patrimoniais para adquirir o empreendimento, vai ficar no prejuízo?

Assim como Celso Mota, outros proprietários da Fazenda Recreio investiram na criação de peixes, mas tiveram que parar com a atividade. Da mesma forma, dezenas de produtores do Vale do Taquara, com terras férteis e água disponível, não conseguem trabalhar devido à falta de energia elétrica.

sexta-feira, 11 de maio de 2018

BR-235/PI: Agricultor diz que drenagem da rodovia está destruindo sua propriedade


Drenagem da BR-235/PI está criando uma voçoroca na Fazenda Salto, propriedade de Salomão Glória Reis
Uma voçoroca gigante, que começou a partir de um bueiro da BR-235/PI, na Gleba Salto, a 13 quilômetros da cidade de Santa Filomena (PI), está literalmente engolindo a propriedade do senhor Salomão Glória Reis.

A erosão, com mais de 500 metros de extensão e que chega a ter até de 3 metros de profundidade por 15 metros de largura, começa a destruir a parte agricultável (agricultura de subsistência e pastagem) do imóvel Salto, com área de 50 hectares, na qual Salomão Glória tira o sustento familiar.

A água que sai do bueiro escorre por cerca de 500 metros, provocando compactação, erosão e assoreamento
“Na época em que foi construída a estrada, o pessoal da Construtora Sucesso pegou piçarra aqui e queria construir um pequeno açude prá mim. Eu até achei que não merecia tudo isso e não falei mais com eles. Mas hoje vejo que a água tá acabando com minha propriedadezinha. Criou uma erosão monstra, que começou num bueiro, em frente da minha casa”, diz Salomão Glória, que pede providência ao DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e também à Construtora Sucesso, responsável pela obra.

O processo erosivo começa logo depois do bueiro e se transforma em voçoroca ao chegar no Riacho Salto
O pior é que a voçoroca da Fazenda Salto não pára de avançar rumo à BR-235, donde surgiu. O buraco maior, com cerca de 50 metros de extensão, já chegou no Brejo do Salto, e está a poucos metros do Rio Taquara. 

Além do canal principal, que deu origem à voçoroca (buracão no solo, causado pelo escoamento de águas das chuvas), na área de pastagem, oferecendo risco de acidente com animais, o processo erosivo se deriva para dois outros pontos da propriedade, próximos da moradia, exatamente onde Salomão Glória planta mandioca e outras culturas, como feijão e milho.

Além da voçoroca, duas outras erosões se formam na área, ameaçando inclusive a casa da Fazenda, ...
Danos ao Meio Ambiente – Como se não bastassem os prejuízos que vêm sendo causados ao senhor Salomão Glória, que já perdeu boa parte da terra produtiva de sua propriedade, é visível a ocorrência de danos ao Meio Ambiente, haja vista o empobrecimento do solo, o assoreamento do Riacho Salto e do Rio Taquara, e o esgotamento do patrimônio hidrológico.

... assoreando o Riacho Salto e o Rio Taquara e possibilitando o esgotamento do patrimônio hidrológico
Esperamos que o caso seja resolvido à luz do bom senso, sem que haja necessidade de ajuizamento de Ação Civil Pública de Responsabilidade por Danos ao Ambiente Natural, com base nos artigos 129, III, 170, III, e IV e 225 da Constituição Federal,  e demais disposições da Lei Adjetiva Civil.

Regida pela Lei 7.347, de 24/07/1985, a Ação Civil Pública pode ser proposta pelo Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados, Municípios, Autarquias, Empresas Públicas, Fundações, Sociedades de Economia Mista e Associações interessadas, se constituídas há pelo menos um ano.