O jornal Folha de S. Paulo, edição deste domingo (23), destaca o aumento da área plantada nos cerrados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia (MAPITOBA, nome dado à área) e do avanço tecnológico, com alto investimento no solo, sementes e irrigação.
A matéria da jornalista Tatiana Freitas, enviada especial da Folha a Balsas (MA), Araguaina e Pedro Afonso (TO), diz que “o clima não é problema para a região” e que “dois milhões de ha de terras de boa qualidade ainda estão disponíveis para o plantio”.
Utilizando dados da CONAB, SECEX, Informa Economics FNP e Rabobank, a reportagem percorreu a região de Uruçuí e descobriu que ali o hectare de terra em área produtiva já vale 120 sacas de soja ou R$ 6.720,00 (na última sexta-feira, 21/12, a saca foi cotada a R$ 56,00 em Balsas/MA).
Acompanhe na íntegra a publicação do diário Folha de S. Paulo, disponível também no site http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1205551-cerrado-vira-terra-fertil-e-se-torna-nova-fronteira-agricola.shtml:
Infográfico mostra a cotação das terras no MAPITOBA |
Até o início da década passada irrelevante para o agronegócio, a região é hoje considerada a terceira fronteira agrícola brasileira - depois do Sul, onde não há mais espaço para expansão, e do Centro-Oeste, já consolidado.
Com o avanço tecnológico e investimentos no solo, sementes e irrigação, o clima não é problema para a região.
Na safra passada, o Mapitoba atingiu participação de 8% na produção nacional de grãos, com a colheita de 12,2 milhões de toneladas. Até 2021, ela deve chegar a 20 milhões de toneladas, uma alta de 64%, estima o Rabobank, banco especialista no setor. Além de ganhos de produtividade previstos com investimentos em novas variedades, fertilizantes e máquinas, a área também deve crescer.
Dois milhões de hectares de terras de boa qualidade ainda estão disponíveis para o plantio - o equivalente a 70% da área cultivada com soja nesta safra -, segundo estimativas do mercado.
"Abrir terras", expressão usada pelos produtores para se referir à derrubada da vegetação nativa e ao preparo do solo para o plantio, é uma constante na região.
Com as chapadas praticamente tomadas por grandes investidores, os produtores agora buscam terras em áreas onde o preço é mais baixo. "Cada pedaço de terra é garimpado", diz o agricultor Valdir Zaltron, dono de 6.600 hectares entre o Tocantins e o Maranhão. No mês passado, ele comprou mais 350 hectares em Balsas (MA).
Nessa cidade, Idone Grolli, dono da fazenda Cajueiro, de sementes e grãos, também tem plano de expansão. "Pretendemos aumentar a área em 20% na próxima safra."
TODOS "GAÚCHOS" - Atraídos pela terra barata, produtores do Paraná e do Rio Grande do Sul (apelidados de gaúchos) começaram a migrar para o Mapitoba nos anos 1980 e 1990.
Imagem: Folha de S. PauloSilos para estocagem de soja da Coapa (Cooperativa Agroindustrial do Tocantins) em Pedro Afonso, no norte do TO
Esse processo teve início na Bahia, expandiu-se para o Maranhão e depois seguiu para o Piauí e para o Tocantins, o último Estado do grupo a se desenvolver na agricultura.
"Um alqueirinho no Paraná valia 40 alqueirões aqui", diz o agricultor Moacir Catabriga, que em 1990 comprou a primeira terra no Tocantins. Além do valor, há ainda diferença na metragem da terra. Um alqueire no Sul (2,4 hectares) é a metade de um alqueire negociado no Norte (4,8 hectares), o chamado "alqueirão".
O crescimento mais significativo do Mapitoba ocorreu a partir de 2000. O boom dos preços das commodities incentivou grandes empresas e fundos de investimento a investir na região. A produção de soja foi multiplicada por quatro, estimulando a instalação de processadoras.
Bunge, Cargill e Algar têm unidades no Mapitoba, que reúne 5% da capacidade total de esmagamento do país, segundo o Rabobank. O agronegócio já representa 30% (trinta por cento) do PIB dos Estados da região".
Fonte: Folha de S. Paulo
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