No cerrado do Piauí, onde a ocupação se iniciou nos anos 1970, mais
precisamente no lugar Baixa Serena, a 40 quilômetros da cidade de Santa
Filomena, o cultivo de arroz de sequeiro vem caindo de forma acentuada,
cedendo espaço à soja, ao milho e ao algodão herbáceo.
Como ocorre no centro-sul do País, o arroz de sequeiro no estado do
Piauí também passou a ser plantado apenas em pequenos talhões e
cultivado quase que exclusivamente para a manutenção das próprias
fazendas produtoras de soja.
O cultivo do arroz de sequeiro por ser de alto risco - devido a práticas
culturais inadequadas e aos veranicos, que provocam queda no rendimento
médio - e por isso vem desestimulando os produtores, fazendo com que
seu plantio seja diminuindo.
Assim o arroz, produzido sob condições de sequeiro, cultivado em grande
parte para abertura de novas áreas agrícolas, situadas em solos pobres
em nutrientes e com baixa capacidade de retenção de água, está
desaparecendo da paisagem.
Embora os pesquisadores venham desenvolvendo programas de melhoramento
do arroz de sequeiro, visando a obtenção de novas cultivares, com ênfase
à resistência à seca, à brusone, ao acamamento e à qualidade de grãos,
além de outros atributos agronômicos necessários a uma produtividade
razoável e estável, a cultura passou a ser inviável economicamente.
Quem explica melhor tudo isso que está acontecendo é o agricultor e
atual prefeito de Santa Filomena, Esdras Avelino Filho, que juntamente
com seu primo Antonio Luis Avelino Filho implantou, no ano de 1976, o
primeiro projeto de arroz de sequeiro no sudoeste do Piauí, que pela
primeira vez ao longo desses 36 anos, preferiu plantar soja e não o
tradicional arroz.
“Este ano só plantei 10 hectares e arroz, apenas para a manutenção da
Fazenda. O restante da área foi plantado com soja”, informa Esdras
Avelino, acrescentando que sai mais em conta comprar do que produzir
arroz. “Com 500 sacas de soja, que podem ser colhidas em cerca de oito
hectares, eu posso comprar 1.000 sacas de arroz, que só poderiam ser
produzidas em 25 hectares, no mínimo”, pontifica.
Nenhum comentário:
Postar um comentário