quarta-feira, 1 de março de 2017

Lagoa ameaçada de extinção no cerrado do Piauí está voltando ao seu nível normal

Lagoa Feia, vista pelo satélite, mostra que o assoreamento oriundo das plantações de soja são uma ameaça



















A Lagoa Feia, única ainda perene das chamadas Sete Lagoas, ponto que poderia se tornar um dos cartões postais de Santa Filomena, faz mais de 20 anos que vem sofrendo intenso processo de assoreamento e pede socorro! Deposição de material sedimentar (areia), proveniente das plantações de soja, está resultando no aterramento e já ameaça a misteriosa - e bota mistério nisso - lagoa.

Esses impactos ambientais, em boa parte deles desconhecidos da opinião pública, vem criando uma série de problemas, proporcional – na realidade, chega a chamar até mais atenção – às belezas locais. Há riachos na região que perderam a sua perenidade, e não mantêm mais todo seu curso d´água vivo ao longo do ano, como o Riozinho, por exemplo, com aproximados 100 quilômetros de extensão.

Imagem da Lagoa Feia em 16 de outubro de 2012 mostra que o lago está virando um 'pântano' no Cerrado


























                                                                                                                                            As Sete Lagoas, uma possessão de pequenos lagos naturais, localizada à altitude aproximada de 380 metros, no meio das áreas de plantio, entre os municípios de Santa Filomena e Baixa Grande do Ribeiro, na mesorregião sudoeste do Piauí, se encontram prestes a sumirem do mapa, literalmente. É lá que nasce o Riozinho, limite natural do município de Santa Filomena com Baixa Grande do Ribeiro e Ribeiro Gonçalves.

Apenas a maior delas, conhecida por Lagoa Feia (o apelido não faz jus aos seus encantos), com cerca de 100 metros de largura por quase 700 metros de comprimento e profundidade desconhecida, ainda permanece perene. Mesmo assim, vem sofrendo violenta redução no volume d’água e se tornando um verdadeiro pântano. A principal comprovação dessa redução é a marca que aparece nos buritizeiros, onde se percebia, em 16 de outubro de 2012, que o nível se encontrava muito abaixo do normal.


Essa parte escura, que parece ser bem profunda, seria o 'nascedouro' da água? Mas de onde vem a água?





















                                                                                                                                            A causa desse assoreamento que está matando as Sete Lagoas pode estar relacionada à erosão laminar que há anos ocorre nos campos de arroz e soja. Esse processo de degradação, que nada mais é do que a remoção de camadas delgadas de solo sobre toda uma área, é a forma de erosão menos notada, e por isso a mais perigosa. 


Vejam que as águas que descem das plantações de soja criaram um "Rio Seco", que deságua na Lagoa Feia

Em dias de chuva as enxurradas tornam-se barrentas e, grande parte delas, correm em direção à Lagoa Feia. Para que se tenha ideia da situação e do enorme problema, a quantidade de água que escorre dos projetos agrícolas é tão grande que até já se formou um canal bem definido, parecendo um grande “rio seco”, como no semiárido.

O assoreamento nas Sete Lagoas tem conseqüências graves para o meio ambiente, especialmente por ser um fenômeno progressivo que vai aumentando ao longo dos anos, podendo passar despercebido até que seus efeitos se tornem mais visíveis.

As últimas chuvas fizeram com que a Lagoa Feia voltasse ao nível normal, camuflando, talvez, sua agonia

A BOA NOTÍCIA – Desde meados de 2012 que a Lagoa Feia vem denunciando sua própria situação, com redução da profundidade, se tornando uma área inundada. 

Imagens recentes nos dão um alívio imediato em relação à mística Lagoa Feia. Segundo registrou Osiel Silva, da comunidade Sete Lagoas, as chuvas caídas nos últimos meses contribuíram para a elevação do nível do lago, voltando à normalidade.

Mas isso apenas camufla o problema, haja vista que grande parte da bacia da Lagoa Feia se encontra aterrada com a areia que desce das plantações de soja, conforme imagem de satélite. Significa dizer que no período seco voltará a deixar de sangrar e abastecer o Riozinho, que tem a lagoa como uma das suas principais nascentes.

Urge que os órgãos ambientais comecem a providenciar um "SOS Lagoa Feia".

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