Poços Violeta I e II, entre Alvorada do Gurgueia e Cristino Castro, no Piauí, desperdiçam mais de 30 milhões de litros por dia
Apesar de mais de mil municípios do Nordeste brasileiro estarem em situação de emergência por causa da seca, dos quais 184 somente no Piauí, cerca de 30 milhões de litros de água
do Aquífero Urucuia são desperdiçados todos os dias pelos Poços Violeta
I e Violeta II, localizados à margem da BR-135, entre as cidades
piauienses de Alvorada do Gurgueia e Cristino Castro.
Segundo Wilton José Silva da Rocha, Doutor em Geologia, esses dois poços, denominados Violeta 1 e Violeta 2, foram perfurados pela CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) para um projeto do DNOCS no vale do Gurguéia. Dentro do projeto, o poço 1 funcionou como piezômetro (furo de observação), enquanto o 2 como poço de pesquisa para avaliar os parâmetros dos aquíferos Serra Grande e Cabeças.
Imagem: José Bonifácio/GP1
No Poço Violeta 2 (esquerda) a vazão estimada é de 1 milhão de litros/hora; já o Violeta 1 tem a vazão de 294 mil litros/hora
O Poço Violeta 1, concluído em 24/02/1972, tem profundidade de 360,00 metros, nível estático de 31,07 metros e vazão de 294.840 litros por hora
O Poço Violeta 1, concluído em 24/02/1972, tem profundidade de 360,00 metros, nível estático de 31,07 metros e vazão de 294.840 litros por hora
Já o Poço Violeta 2, concluído em 21/06/1973, com profundidade de 1.000 metros e nível estático de 62,66 metros, tem a vazão estimada em 1 milhão de litros por hora. A água brota da terra com tanta força que chega a mais de 20 metros de altura.
Desde
a época em que foram perfurados, jorram essa água quase sem nenhuma
utilidade. É muita água jogada fora, que escorre e se perde por entre um
pequeno carnaubal. O que é desperdiçado no local seria suficiente para abastecer uma cidade de 130 mil habitantes.
“Uma riqueza natural tratada com descaso na região. No município de Cristino Castro dezenas de poços jorram sem parar. Alguns abastecem piscinas de restaurantes e hotéis, outros não servem para nada”, destacou o Jornal Nacional em matéria exibida recentemente.
Imagem: José Bonifácio/GP1
A água dos Poços Violeta se perde por entre a caatinga, ou vai para esses tanques, onde nem sequer são criados peixes
Informações Técnicas – De acordo com o geólogo José Wilton Silva da Rocha, que já prestou serviços na região, a água do poço Violeta tem teores de sais dentro dos parâmetros de potabilidade do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente (<500mg/l).
Informações Técnicas – De acordo com o geólogo José Wilton Silva da Rocha, que já prestou serviços na região, a água do poço Violeta tem teores de sais dentro dos parâmetros de potabilidade do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente (<500mg/l).
As
amostras coletadas na época (1973) do estudo - que não deve ter mudado -
dos dois poços apresentaram um Resíduo Seco (mg/l) da ordem de 91,00
para o Violeta 1 e 269 para o Violeta 2. O maior valor de Resíduo Seco
para o VIoleta 2 é devido a sua profundidade que atravessa formações
geológicas mais salinizadas e deve ter contribuído com esse valor maior
que o RS do Violeta 1. Contudo, a água não apresenta quaisquer
restrições para o consumo.
Imagem: José Bonifácio/GP1
Poços jorram sem parar na região; alguns abastecem piscinas de restaurantes e hotéis, mas outros não servem para nada
Do sul do Piauí ao noroeste de Minas Gerais - O Sistema Aquífero Urucuia (SAU) é um manancial subterrâneo de extensão regional, composto por subtipos de aquíferos inter-relacionados. O aquífero é constituído de quartzo-arenitos e arenitos feldspáticos eólicos bem selecionados, com presença de níveis silicificados e, em menor proporção, níveis conglomeráticos relacionados ao Grupo Urucuia, Neocretáceo da Bacia Sanfranciscana, que representa a cobertura fanerozoica do Cráton São Francisco. O sistema aquífero se estende desde o sul do Piauí até o noroeste de Minas Gerais, com maior expressão no oeste da Bahia.
Do sul do Piauí ao noroeste de Minas Gerais - O Sistema Aquífero Urucuia (SAU) é um manancial subterrâneo de extensão regional, composto por subtipos de aquíferos inter-relacionados. O aquífero é constituído de quartzo-arenitos e arenitos feldspáticos eólicos bem selecionados, com presença de níveis silicificados e, em menor proporção, níveis conglomeráticos relacionados ao Grupo Urucuia, Neocretáceo da Bacia Sanfranciscana, que representa a cobertura fanerozoica do Cráton São Francisco. O sistema aquífero se estende desde o sul do Piauí até o noroeste de Minas Gerais, com maior expressão no oeste da Bahia.
O Aquífero Urucuia apresenta um eixo divisor longitudinal que separa o fluxo subterrâneo para o oeste (bacia hidrográfica
do Tocantins) e para leste (bacia hidrográfica do São Francisco). O
sistema foi dividido em quatro subsistemas, assim caracterizados:
aquífero livre regional; aquífero suspenso local; aquífero confinado ou semiconfinado e aquífero livre profundo.
As
espessuras totais do sistema aquífero, estimadas a partir da aplicação
de estudos geofísicos, apresentam valores que variam de 100 a 600 m nos
26 pontos do levantamento eletromagnético no domínio do tempo. As
espessuras saturadas variam entre 80 e 460 m.
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