terça-feira, 20 de novembro de 2012

Dia da Consciência Negra relembra Zumbi e é feriado em Santa Filomena


Hoje, terça-feira (20), é celebrado o Dia Nacional do Zumbi e da Consciência Negra, que marca anualmente a morte do lider negro Zumbi dos Palmares. Embora a celebração tenha sido oficializada pela presidente Dilma Rousseff em 2011, cada município decide se decreta ou não feriado .

Devido à relevância da data, pois serve como um momento de conscientização e reflexão sobre a importância da cultura e do povo africano no Brasil, o município de Santa Filomena, localizado no sudoeste piauiense e distante 920 quilômetros da capital, adota o dia 20 de Novembro (Dia da Consciência Negra) como feriado municipal, com base na Lei Orgânica Municipal (artigo 13 dos Atos das Disposições Transitórias), revisada e aprovada em 30 de junho de 2008.


Isso ocorre porque o município de Santa Filomena abriga um cemitério onde eram enterrados escravos, verdadeiro patrimônio de interesse histórico e ambiental, além de ser o retrato da aristocrática sociedade daqueles tempos idos.

Localizado próximo à sede da Fazenda Ponta da Serra, a 25 quilômetros da cidade de Santa Filomena e na beira da BR-235/PI, o recinto é um local em separado, já que brancos e negros não podiam dividir o mesmo ambiente, fosse em vida, fosse na morte.

Do lado de dentro estão nada mais do que cinco sepulturas, onde supostamente estão sepultados os esqueletos dos brancos, enquanto que os negros escravizados eram enterrados do lado de fora do muro de pedras, pressupondo a segregação racial.


Murado de pedras toscas, com paredes de até 2 metros de altura por quase 50 centímetros de largura, com mais ou menos 100 metros quadrados de área. E um lugar diferente, que abre uma porta para a história da escravatura no sul do Piauí.

O cemitério dos escravos de Santa Filomena se localiza no sopé da Ponta da Serra, donde se avista parte do Vale do Taquara. Para se chegar até ele é preciso transpor a vegetação nativa e subir uns 100 metros de degraus naturais, em meio a arbustos e pedra bruta.

O lugar, um espaço de memória, em processo de deterioração e que resiste ao mais completo estado de abandono, precisa ser recuperado urgentemente, não só como resgate de uma cultura, mas preservando traços de uma época.

O trabalho escravo na Fazenda Ponta da Serra teria acontecido até fins do século XIX, por volta do ano 1880, na criação de gado e na exploração agrícola, principalmente no cultivo de cana-de-açúcar. No referido imóvel ainda há vestígios do trabalho escravo. Além do cemitério, existe uma muralha de pedras com mais de mil metros de extensão, obra construída pelos negros.

Não se tem notícia da origem da população negra que trabalhou como escrava em território filomenense, possivelmente de Angola, no oeste da África. 

Do mesmo modo não se sabe o número exato de escravos que viveram na região; porém, pela quantidade de sepulturas existentes no cemitério, estima-se que deveriam ser mais de 50.

A Fazenda Ponta da Serra pertencia ao branco proprietário e dono de escravos Cícero Lustosa da Cunha, filho do Coronel José Lustosa da Cunha (primeiro e único Barão de Santa Filomena).

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