domingo, 25 de agosto de 2013

Há 148 anos era instituída a Vila de Santa Filomena, na 'Província do Piauhy'

Imagem: José Bonifácio/GP11(Imagem:José Bonifácio/GP1)
Praça Barão de Paraim, numa homenagem ao tio do Ten. Coronel JOSÉ LUSTOSA DA CUNHA, o "Barão de Santa Filomena"

De acordo com os relatos até hoje conhecidos, o início da construção do pequeno lugarejo denominado de Santa Filomena não foi fácil, portanto embaraçoso e intricado, devido ao pouco acesso que dava ao mesmo. Foram imigrantes que vieram de São Paulo para o Piauí, sendo parte de origem portuguesa.

Ao chegar, encontraram uma pequena vila de nome Parnaguá, onde aconteciam desbravamentos e conquistas de Terras. Mas, ao mesmo tempo, era um oásis da civilização distante e isolada, sob o comando de uma família, que mais tarde se tornara a mais poderosa da região. Ali havia estabelecido o pernambucano Victoriano Rodrigues de Brito, que veio informado das notícias das terras que eram próprias para a criação de gado, com imensas pastagens nativas. Estabelecido no lugar, tornou-se respeitado, contraindo matrimônio alguns anos depois com uma moça ilustre, cujo nome era Ana Maria Lustosa, filha do poderoso chefe político local, Cel. José da Cunha Lustosa, o "Barão de Paraim".

Os primeiros registros sobre antepassados da família, que depois veio a estabelecer-se na região, data de 1745, quando houve uma sesmaria no sítio denominado Brejo do Lucas, em Parnaguá, concedido ao português José da Cunha Lustosa, que havia chegado à região procedente de Santos (SP), em 22 de julho de 1747. Ao mesmo foi doada, na Lagoa dos Golfos, a Fazenda Mocambo, naquele município, que tempos depois passou a ser chamada de Riacho Fresco. Ele trabalhou em suas propriedades até os seus últimos dias de vida. Com sua esposa, Helena de Sousa Lustosa, teve 05 (cinco) filhos, os quais repeliram os índios Pimenteiras, Cheréns e outros grupos indígenas do sul do Piauí.

Por volta de 1854, procedente da Fazenda Contrato, onde residiu em terras do atual município de Monte Alegre (PI), acompanhado de alguns parentes e escravos, José Lustosa da Cunha estabeleceu-se às margens do Riacho Tapuio, à direita do Rio Parnaíba.

Alguns desbravadores já haviam percorrido estas terras. Um deles foi José Antônio Barreiras de Macedo. Acompanhado de outras pessoas, teria realizado uma entrada de reconhecimento na região, chegando até as margens do Rio Taquara, porém sem deixar qualquer vestígio de sua passagem.

A geografia da região era já conhecida por fazendeiros piauienses e índios, sendo que algumas informações indicam como sendo os da tribo Cheréns que habitavam nessa região. Porém, o avanço do desbravador provocou o deslocamento desses silvícolas para as margens do rio Tocantins.

O Coronel Lustosa da Cunha, como lembrança, plantou ali perto, na localidade Recreio, uma semente de mangueira, que nasceu, desenvolveu-se e tornou-se a mangueira mãe de todas da sede na época.

Imagem: José Bonifácio/GP12(Imagem:José Bonifácio/GP1)
A estrada Gilbués/Santa Filomena está sendo construída, e isso poderá trazer progresso e desenvolvimento para a região

No decorrer dos anos, outros parentes e amigos chegaram, aderindo aos esforços de colonização. Veio também o cidadão Camilo Vieira, que era um homem muito rico e que havia comprado uma moça na Paraíba, cujo nome era Esmeralda. Depois daquela atitude, sua família revoltou-se contra ele e resolveu situar para o mesmo uma Fazenda, pondo o nome de Contrariado, significando a expressão dos seus sentimentos. Em frente, ficava a ilha da Esmeralda, por ter sido ela, a primeira mulher a visitá-la, conhecida hoje por Ilha do Santo Antonio, próximo ao atual Balneário Atalaia.

Ali, tiveram uma filha, e o seu nome era Mikaela. Mais tarde, chegando na região, o jovem de nome Francisco Luis de Freitas, que também veio à procura de terras para a criação de gado, e conhecendo Mikaela, logo contraiu matrimônio com a mesma. Em desavença com sua família, resolveu situar uma fazenda do outro lado do Rio Parnaíba, pondo o nome de Barcelona, onde originou por ele, a Vila Santa Vitória, atual Alto Parnaíba (MA).

Sendo chefe político do lugar, o Coronel, estende seus domínios por toda a região, ampliando suas fazendas de criação de gado, onde situava o rebanho que trouxera.

Com a Guerra do Paraguai (1864-1870), a maior da América latina, que colocou o Brasil, Argentina e Uruguai em luta contra o mesmo. Motivo este dar aquele país uma saída direta para o mar. Isto era necessário, para que o país pudesse dar escoamento às suas mercadorias através do oceano atlântico. Para isto, teria que ocupar uma boa parte do nosso território, após o aprisionamento do navio Marquês de Olinda, no rio Paraná, houve a declaração de guerra, onde os paraguaios invadiram Mato Grosso e tentaram invadir o Rio Grande do Sul, atravessando sem permissão, o território argentino. Fato que ocasionou a tríplice aliança entre os três países para a quão renhida batalha. E, atendendo a chamado para alistamento em corpo de voluntários, o Coronel piauiense organizou no distante e humilde lugarejo, um grupo de 234 deles, contando com o concurso de dois filhos, alguns sobrinhos e escravos.

Outros voluntários da Comarca de Parnaguá se juntaram ao grupo no dia 22 de junho de 1865, no local que ficou conhecido por Remanso do Choro, a jusante da ilha do Santo Antonio. Os voluntários despediram-se de suas famílias e desceram rio abaixo, num total de 14 balsas rumo a Parnaíba de onde partiu para o Maranhão e embarcando ali no vapor Tocantins até o Rio de Janeiro, onde desembarcaram no dia 09 de setembro do mesmo ano. Pode-se imaginar as imensas dificuldades que encontraram em tão longa marcha até o cenário da guerra. Por onde passavam eram recebidos festivamente.

Em Pernambuco, província governada por seu irmão e Marquês de Paranaguá, foi registrada a passagem do grupo, ao qual havia se engajado, ainda em Teresina, a moça Jovita Alves Feitosa, impedida pelo ministro da Guerra, de ir para os campos de batalha, frustrando-lhe o sonho.

Aquele corpo comandado pelo Tenente Coronel José Lustosa da Cunha, foi organizado pelo mesmo na vila de Santa Filomena, que fica aproximadamente a 600 quilômetros de Oeiras, antiga capital provincial, que era governada pelo visconde Manoel de Sousa Martins, e tinha pouco mais de mil habitantes, com sete municípios apenas, sendo o governador do Estado, o major João José da Cunha Fidier.

Imagem: José Bonifácio/GP13(Imagem:José Bonifácio/GP1)
Com mais de 8 mil hectares cultivados na safra 2012/2013, Santa Filomena já é o maior produtor de algodão de todo o Piauí

O rico criador de gado, José Lustosa da Cunha, penetrou a região em busca de terras para criatório. Essa expansão era conseqüência dos domínios políticos de sua poderosa e ilustre família. Vislumbrado com o potencial das terras, às margens do Rio Parnaíba, um belo e aprazível lugar dá início a construção das primeiras casas. Segundo a tradição, o nome desse lugar foi dado pelo próprio Lustosa da Cunha.

Ele adquiriu a imagem de Santa Filomena na Bahia, para padroeira, e em sua homenagem, pôs o nome de Filomena em sua primeira filha nascida no lugar por ser devoto da Santa.

Nasceu então, na Casa Grande (hoje residência da Freiras), a 2ª filha de José Lustosa da Cunha, em uma manhã de outubro de 1854. Houve grande regozijo naquele solar e nas casas vizinhas.

Mas existem duas versões sobre a origem do município de Santa Filomena. Pereira da Costa, em sua célebre Cronologia Histórica do Piauí, relata o seguinte sobre o assunto: "A vila de Santa Filomena é uma das mais modernas povoações do Piauí, pois a sua origem remonta apenas ao ano de 1854".

Descoberto em 1854, onde está situada, José Antonio Barreiros de Macedo convidou diversos parentes e a outras pessoas para fazerem uma entrada de reconhecimento no local, que até então era habitado por índios da nação cheréns, e, ali fixando-se, começou a levantar algumas casas e fundou uma capela.

Tal desenvolvimento foi tendo o lugar, dada a influência de diversos moradores, que dois anos depois já era um povoado próspero. Foi criada uma Paróquia, que logo depois teve o predicamento de Vila.

A outra versão dá conta de que, no fim do Século XVIII e princípios do Século XIX, houve várias incursões ao território do atual município de Santa Filomena, sendo a última feita pelo patriota José Antonio Barreiros de Macedo, que teria transposto a Serra do Riachuelo, vindo até às margens do Rio Taquara, percorrendo outras partes do município, sem, contudo, deixar vestígios de fundação de qualquer estabelecimento pecuário ou de outra natureza.

Anos depois, José Lustosa da Cunha, o Barão de Santa Filomena, que residia na Fazenda Contrato, à era município de Gilbués, partia dali, já no Século XIX, acompanhado da mulher, parentes e escravos, seguindo o roteiro de José Antonio Barreiros de Macedo.

Estabeleceu-se no local, onde hoje é a sede do município de Santa Filomena, fundando ali a localidade, que começou pela casa-grande e uma capela, iniciando assim a povoação. Com o passar dos meses, outros moradores chegaram e construiram suas casas, e em pouco tempo já apresentava características de próspero povoado.

Em 09 de janeiro de 1856 foi instituída a Paróquia de Santa Filomena e elevada à categoria de Distrito, por força da Lei Provincial nº 413.

Já o município de Santa Filomena foi criado sob a denominação atual pela Resolução Provincial nº 586, de 25 de agosto de 1865, a qual foi assinada pelo governador da Província, Franklin Américo de Meneses Dória (1864 - 1866).

Santa Filomena figura nos anais da História-Pátria por sua participação na guerra do Paraguai. A esse respeito, noticia Pereira da Costa, em sua Cronologia Histórica do Estado do Piauí: "1865 ? Agosto 10 ? embarca em Teresina o 2º Corpo de Voluntários da Pátria", sob o comando do Tenente Coronel José Lustosa da Cunha, com destino a campanha do Paraguai.

O corpo seguiu para Parnaíba, de onde partiu para o Maranhão e embarcando ali no Vapor Tocantins, desembarcou no Rio de Janeiro em 9 de setembro. Nesse Corpo seguiu como 2º Sargento a heroína e distinta Jovita Alves Feitosa, impedida pelo Ministro da Guerra, de seguir para os campos de batalha, frustrando-lhes os seus sonhos.

Em sua rota para o sul tocou o 'Tocantins' no Porto de Recife em 01 de setembro; e noticiando o "Diário de Pernambuco" do dia seguinte a passagem do corpo de voluntários piauienses, disse:

"... este Corpo comandado pelo distinto senhor Coronel José Lustosa da Cunha, foi organizado pelo mesmo na Vila de Santa Filomena, que demora cerca de 200 léguas distante do litoral e umas 100 da capital da Província".

"... sem embargo de ser uma Vila de recente fundação, e por conseguinte ainda pouco populosa, contribuiu essa localidade para o desforço da Pátria ultrajada com 234 voluntários, que aí seguem reunidos a outros até a comarca de Parnaguá, em número de 404, que foram o efetivo deste brilhoso corpo composto em seu todo de uma mocidade válida e de porte Marcial".

Segundo a tradição local, o nome do município foi dado pelo Coronel José Lustosa da Cunha, o "Barão de Santa Filomena". Este adquiriu na Bahia uma imagem de Santa Filomena para padroeira do lugar e, em homenagem à Santa, pôs o nome de Filomena em sua filha.

Parabéns, SANTA FILOMENA, pelos seus 148 anos de história. Progresso e desenvolvimento serão atributos frequentemente usados para se referir à Santa Filomena piauiense. Somos orgulhosos em participar deste contexto de prosperidade que identifica e irmana todos os filomenenses, sejam nativos ou adotivos.

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