Por essa estrada vicinal, estreita, cheia de curvas e com ladeiras íngremes, deverão passar 3.430 BITREM's |
A verdade é que o
agronegócio do sudoeste do Piauí continua sem estradas, apesar do potencial
produtivo da região. É pura retórica, só discurso!
Pergunta-se: até quando os agricultores da Serra da Fortaleza, que geram centenas de empregos e são responsáveis pela metade dos grãos produzidos em Santa Filomena, vão ouvir promessas dos nossos representantes?
Pergunta-se: até quando os agricultores da Serra da Fortaleza, que geram centenas de empregos e são responsáveis pela metade dos grãos produzidos em Santa Filomena, vão ouvir promessas dos nossos representantes?
E o drama se repete, a cada ano: agricultores têm que arcar com os custos de manutenção da estrada vicinal |
Cansados de ver parte da produção ficar,
literalmente, no meio do caminho, devido às péssimas condições da estrada por
onde são escoadas a soja e o milho ali produzidos, os agricultores da Serra da
Fortaleza unem forças e deflagram, por conta própria, a Operação Tapa-Buracos, em
mais de 40 quilômetros da estrada vicinal que dá acesso à cidade de Tasso
Fragoso (MA), rumo às tradings (empresas que têm o papel de intermediar
negociação entre produtores e compradores nacionais e internacionais), armazéns
situados nos municípios de Tasso Fragoso e/ou de Balsas.
MAIS UMA SUPER
SAFRA - Para a
safra 2017/2018, levantamento realizado ainda em dezembro, pelos agentes
Donadson Paraguassu de Sousa e Ígor Luan de Sousa Amorim, da agência do IBGE
de Corrente (PI), dizia que os 56.155 hectares de soja cultivados no município de Santa Filomena
deveriam produzir 172 mil toneladas, com produtividade média de 3.069 kg/ha.
Diariamente se vê caminhões atolados ou "enguiçados" no meio da ladeira do Chapéu, rebocados por tratores |
Já a safra de milho chegaria a
64.800 toneladas, colhidas em 6.940 hectares, alcançando a produtividade média acima de 9.000 quilos por hectare.
De um total 63.000 hectares
plantados no município de Santa Filomena, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 35 mil
hectares (55%) se concentram na Serra da Fortaleza. Em assim sendo, somente a APROFORT (Associação dos Produtores
Rurais da Serra da Fortaleza) deverá colher 130 mil toneladas de soja e milho,
suficientes para carregar 3.430 BITREM's, cada um com 38
toneladas (peso líquido).
E terão que passar por uma
ladeira íngreme e por uma estrada bem estreita.
Aí, depois de tantas dificuldades, o produtor encontra o Posto Fiscal da SEFAZ/PI, na beira do Rio Parnaíba |
SEM ESTRADA E SEM PONTE - Mas o Governo do Estado parece
não reconhecer a imensa força que vem do campo, ao não retribuir a essa gente
que produz, com apoio em logística; faltam estradas e energia elétrica.
Além de não retornar com benefícios, o Governo do
Piauí implantou, faz mais de 10 anos, um Posto Fiscal da SEFAZ/PI na margem do
Rio Parnaíba, no município de Santa Filomena, ao lado da cidade de Tasso
Fragoso (MA).
O objetivo é arrecadar impostos das fazendas situadas
no município de Ribeiro Gonçalves e também na Serra da Fortaleza, em Santa
Filomena.
Para completar o drama, o "pedágio" na Balsa PIPES, que custa quase R$ 200 para uma carreta de 9 eixos |
Como se não bastasse, os produtores da Serra da
Fortaleza, que não dispõem de uma estrada compatível com suas necessidades,
ainda são obrigados a pagar a passagem em uma balsa, a fim de que as carretas
possam atravessar o Rio Parnaíba. O pedágio na Balsa PIPES, também conhecida como “pontão”, chega a custar quase R$
200, durante o dia.
MAS COM ALTOS IMPOSTOS - No
agronegócio, atividade que leva o Brasil "nas costas", 19% do faturamento bruto vão para taxas, tributos e impostos,
conforme estimativa de entidades ligadas a produtores rurais. É uma carga
proporcionalmente muito superior à da indústria e do comércio, na análise de
alguns economistas brasileiros. Além de encarecer o custo, o peso da tributação
dificulta até mesmo a venda do que é produzido no campo.