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quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Pinturas e gravuras rupestres são rastros de antigas civilizações no Maranhão

Imagem: Museu do CerradoPinturas e gravuras rupestres(Imagem:Museu do Cerrado)Grafismo rupestre indica vestígios de antigas civilizações em Tasso Fragoso, município localizado no sul do Maranhão

Em sua edição impressa de domingo passado, 06 de janeiro de 2013, o jornal O ESTADO DO MARANHÃO publicou ampla reportagem sobre o potencial para o desenvolvimento do turismo cultural, sobretudo arqueológico, no município sul maranhense de Tasso Fragoso.

No Maranhão, diz o texto, a maioria da população ainda desconhece a riqueza arqueológica do estado no que consiste aos registros rupestres. Isso tem uma explicação em função da ausência de instituições, falta de atenção dos órgãos competentes em todas as esferas no investimento de estudos e pesquisas sobre a história da sua população pré-colonial.

No território timbira, assim como em São Raimundo Nonato (PI) e em outras regiões do Brasil, encontra-se um tipo de vestígio arqueológico denominado grafismo rupestre, embora esse registro seja ignorado na região pela ausência de pesquisas.

Tasso Fragoso, denominação dada em homenagem ao general e ex-Presidente da República do Brasil, dispõe de uma riqueza em cavidades naturais e de milhares de gravuras e pinturas rupestres encontradas nas paredes das grutas, onde se encontram pegadas de animais, seguidas por humanas, folhas de palmeiras e objetos de caça.

Situado no sul do estado do Maranhão, distante quase 1.000 quilômetros de São Luis, à margem do rio Parnaíba, a denominação Tasso Fragoso é em homenagem ao general e ex-Presidente da República do Brasil, o maranhense Augusto Tasso Fragoso.

Imagem: Museu do CerradoMORRO DO GARRAFÃO: (Imagem:Museu do Cerrado)MORRO DO GARRAFÃO: Principal Cartão Postal de Tasso Fragoso (MA), um tesouro arqueológico a ser descoberto
Imagem: DivulgaçãoMorro do Garrafão ilustrou capa e página inteira do(Imagem:Divulgação)Ilustrou a capa e a página 03 por inteiro do jornal O ESTADO DO MARANHÃO, edição de domingo último, 06 de janeiro

Veja a reportagem Tasso Fragoso ainda é um tesouro arqueológico a ser descoberto:

“O município de Tasso Fragoso, no extremo sul do Maranhão, se constituiu em 10 anos em uma referência maranhense em sítios arqueológicos e polo potencial para o desenvolvimento do turismo cultural - especialmente o arqueológico - devido à relevância do patrimônio.

O Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) diz que
no município de Tasso Fragoso está o maior número de sítios arqueológicos do Maranhão.

As descobertas feitas até agora revelam a existência de vestígios como gravuras rupestres no interior de grutas e paredões rochosos em serras de arenito, o que reforça, segundo os pesquisadores, a presença de populações pré-históricas.

Tasso Fragoso é o município mais novo a ser incorporado ao complexo do Parque Nacional da Chapada das Mesas. Enquanto os demais do polo exploram o meio ambiente (recursos naturais), Tasso Fragoso tem como cartão de visita a arqueologia. Balsas é a cidade de referência mais próxima. Está distante aproximadamente 140km. No município, existem dois hotéis.

O fotógrafo, ambientalista e historiador Agnaldo Guimarães Fialho, que prefere ser chamado de Lirô, pioneiro em pesquisas no lugar, disse que em 2001, quando ele começou a pesquisa, passou a catalogar o que encontrava, buscou apoio junto a algumas entidades públicas como: Universidades, Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), dentre outros.

Imagem: Museu do CerradoAgnaldo Guimarães Fialho (Lirô Guimarães),(Imagem:Museu do Cerrado)Agnaldo Guimarães Fialho (Lirô): fotógrafo, ambientalista, pesquisador e historiador, fundador do "Museu do Cerrado"

O pesquisador também procurou ajuda do poder público municipal, estadual e Federal e não teve nenhum resultado, exceto palavras de incentivos. Somente em 2008, com a visita de caravana da Secretaria de Estado do Turismo, Sebrae e Iphan, finalmente foi feita uma visita técnica e o trabalho se consolidou. “Depois disso, Luís Marques, do Sebrae, intermediou a vinda de Arklei Marque Bandeira, a responsabilidade e registrar todas as informações e documentar, repassando depois para o Iphan”.

Peculiaridades - Os vários sítios arqueológicos identificados até agora mostram uma estratégia peculiar: os abrigos localizados próximos a cursos d’água e em encostas. Com isso, os ocupantes tinham maior facilidade para obter alimentos e matéria-prima para elaborar objetos e ferramentas do dia a dia, além de proteção e abrigo contra os perigos naturais de grupos inimigos e da própria selva.

Lirô disse que já foram encontrados vários objetos líticos lascados como machadinha, cerâmicas, várias pedras de cortes, raspadores e dois moedores. Segundo ele, todo esse material está devidamente registrado e sob a guarda do Museu do Cerrado, responsabilidade atribuída pela superintendente do Iphan no Maranhão, Kátia Bogea.

“Quando falo em museu, na verdade é uma pequena sala de 5m por 5m cedida pela Prefeitura de Tasso Fragoso, que está repleta de objetos domésticos já em desuso”, diz o pesquisador e conservacionista Agnaldo Guimarães Fialho (Lirô Guimarães).

Imagem: José Bonifácio/GP1O Museu do Cerrado, criado por(Imagem:José Bonifácio/GP1)O Museu do Cerrado, criado por Lirô Guimarães e sua esposa, Neide Cristina, visa mostrar o potencial histórico-cultural

A criação do Museu do Cerrado por Lirô e sua mulher, Neide Cristina Guimarães Fialho, visa mostrar o potencial histórico-cultural do lugar, mas o espaço não comporta mais as doações que chegam aos pesquisadores. “Estamos construindo um espaço melhor, mais amplo, com recursos próprios”, adiantou Lirô, que em seguida queixou-se da falta de recursos: “A obra está parada por falta de recursos, mas o nosso lema é lutar sempre e nunca desistir”.

Sítios - Ainda de acordo com Lirô, a relevância dos achados, associados ao grande número de sítios, caracteriza a Região sul do Maranhão como um importante complexo arqueológico.

Todo esse patrimônio, no ponto de vista do pesquisador, precisa ser preservado dada a sua grande importância para a descoberta da identidade dos primeiros povoadores do extremo sul maranhense, mas é possível conciliar com o turismo.

“A preservação, a pesquisa e a divulgação do legado arqueológico tassofragoense é de responsabilidade de todos e sua gestão deve ser compartilhada pelo poder público e pela comunidade, a verdadeira guardiã de seus bens culturais”, raciocinou o pesquisador, que não esconde o orgulho com o qual vem desenvolvendo pesquisas desde 2001.

Há rastros de antigas civilizações

O Brasil, muito antes da chegada de Pedro Álvares Cabral, já era habitado por grupos nômades, caçadores e pescadores que, segundo pesquisas, eram da Austrália, da Oceania ou da Ásia. Escavações e análises de objetos e desenhos nas pedras, ali deixados pelos primitivos, além de pinturas e gravuras feitas por eles, são o testemunho dessa passagem.

Consta na literatura que esses registros em diferentes suportes de pedra são chamados de arte rupestre ou itacoatiaras, palavra tupi que quer dizer pedra pintada: paredes e tetos de cavernas e abrigos, blocos no chão, pedras nos leitos dos rios, e lajes a céu aberto.
As mais antigas pinturas rupestres brasileiras encontradas nas cavernas estão no Parque Nacional Serra da Capivara na região de São R. Nonato, no sudeste do Piauí.

Imagem: José Bonifácio/GP1Centenas de objetos estão expostos no Museu do Cerrado, desde a antiguidade até os dias atuais,(Imagem:José Bonifácio/GP1)Centenas de objetos antigos e contemporâneos, característicos do Maranhão, estão expostos no "Museu do Cerrado"

No Maranhão, a maioria da população ainda desconhece a riqueza arqueológica do estado no que consiste aos registros rupestres. Isso tem uma explicação em função da ausência de instituições, falta de atenção dos órgãos competentes em todas as esferas no investimento de estudos e pesquisas sobre a história da população pré-colonial.

No estado, assim como em outras regiões do Brasil, encontra-se um tipo de vestígio arqueológico denominado grafismo rupestre, embora esse registro seja ignorado na região pela ausência de pesquisas. Tasso Fragoso dispõe de uma riqueza em cavidades naturais e de milhares de gravuras e pinturas rupestres encontradas nas paredes das grutas, onde se encontram pegadas de animais e de humanos, folhas de palmeiras e objetos de caça.

Museu - Os objetivos do Museu do Cerrado são promover atividades focadas nas crianças e adolescentes, desenvolver ações educativas ambientais e culturais para possibilitar que a população conheça e valorize as riquezas naturais e culturais. Também visa apoio a elaboração de planos de turismos sustentável e ações de educação e proteção patrimonial.

Riqueza - O Museu do Cerrado também visa divulgar e preservar as riquezas naturais e culturais de Tasso Fragoso; desenvolver atividades de valorização e preservação natural, cultura popular e patrimonial e divulgar os sítios arqueológicos e outros produtos turísticos existentes no município.

Importância - O Museu do Cerrado ainda tem como objetivo sensibilizar a população a cerca da importância do valor e da preservação ambiental, cultural e patrimonial; desenvolver atividades educativas ambientais e culturais nas Escolas, planos, programas e projetos sociais e identificar a localização dos pontos turísticos naturais, das grutas e paredões, onde estão as gravuras e pinturas rupestres e eventuais achados arqueológicos”.



Fonte: O ESTADO DO MARANHÃO