Adécio Gonçalves saiu do recôncavo baiano para conhecer a família de Claudenice Lopes, em Santa Filomena |
Depois que recebeu o diagnóstico para fazer
transplante de fígado, o artista plástico Adécio de Assis Gonçalves, 65, sentiu o
baque de ter que entrar numa fila de espera; mas recebeu acolhimento, ganhou um
fígado em Fortaleza e a chance de continuar a viver com saúde. A nova oportunidade
ele já aproveita no windsurfe, esporte que pratica há mais de um ano.
Desde 2013, Adécio Gonçalves, que apesar de ter nascido em Regente Feijó (SP), se considera baiano de coração, sabia ser portador de hepatite C.
Tempos depois, recebeu a indicação da necessidade do transplante, mas conta ter
desistido de fazer na Bahia. "Me encaminharam logo para quimioterapia. Fui
para São Paulo, mas tem muita gente na fila de espera", lembra o artista
plástico, que é casado, tem três filhos e quatro netos.
Momento de concentração do senhor Adécio Gonçalves, antes de conhecer a família da doadora do Fígado |
Tudo começou quando um amigo médico hepatologista
orientou que ele fosse para Fortaleza, indicação que não foi bem aceita entre
familiares e amigos. "Há um preconceito no Sul com o Nordeste. Em São
Paulo, o pessoal queria que eu fizesse o transplante lá, porque Ceará era
'terceiro mundo'", disse.
E acrescentou: "Quando vim pra Fortaleza, aí é que o povo ficou doido. Mas vim respaldado por uma pessoa que entende, e Fortaleza é referência na América Latina em transplante", defendeu, segundo noticiou o G1 Ceará.
E acrescentou: "Quando vim pra Fortaleza, aí é que o povo ficou doido. Mas vim respaldado por uma pessoa que entende, e Fortaleza é referência na América Latina em transplante", defendeu, segundo noticiou o G1 Ceará.
TRANSPLANTE E VIDA NOVA - Em agosto de 2015,
já na capital cearense, Adécio teve uma triagem agendada no Hospital
Universitário Walter Cantídio (HUWC), da Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza. Com duas semanas, recorda o agora adepto da prancha a vela, já estava na
fila do transplante, e no dia 12 de setembro - dois dias depois de confirmada a morte cerebral da filomenense Claudenice Lopes de Sousa - o procedimento foi realizado, por
meio de um doador de Teresina, no Piauí. "Foi muito rápido. Como meu caso
era grave, foi agilizado", disse Adécio de Assis Gonçalves.
Antes da cirurgia, a caminhada era o único
exercício praticado. Mas a vontade era de ir além das passadas a pé. "Não
podia ficar só olhando para o teto, pensando em doença, remoendo. Na verdade,
eu queria praticar kitesurfe, mas me aconselharam que pegasse um esporte mais
leve". Foi quando conheceu o windsurfe. "Já estou há um mês e meio.
Meu material está rodando nas redes sociais pra incentivar. Já que Deus está nos
dando uma oportunidade de sobrevida, a pessoa precisa sair, praticar
esporte", diz.
Senhor Aldênio e dona Josefa mostrando foto da filha Nice ao receptor do fígado, Adécio de Assis Gonçalves |
O ENCONTRO COM A
FAMÍLIA
– Dois anos depois, Adecio de Assis
Gonçalves, paulista do interior mas que mora em Jaguaripe (BA) faz mais de 40
anos, que recebeu transplante de fígado e, como forma de gratidão, viajou do
recôncavo baiano, passando por Fortaleza, onde tem que retornar a cada 6 meses, até
o Bairro Bela Vista, na cidade de Santa Filomena, no extremo oeste do Piauí,
para conhecer e agradecer à família de Claudenice Lopes de Sousa (Nice), falecida em
Teresina (PI), dia 10 de setembro de 2015, pouco antes de completar 29 anos de
idade, conforme relembra Dona Josefa.
Por decisão de dona Josefa Maria Lopes,
foram doados os órgãos (fígado, rins e coração) e tecidos (córnea e
pele/lábios), permitindo assim que outras pessoas continuassem vivendo, como
Adécio. “Decidi que deveria doar, pra dar vida a quem tava
precisando. Primeiro eu disse que não aceitava, mas no mesmo momento Deus tocou
no meu coração, e aceitei. Aí falei com o médico: eu aceito, pode doar. Eu
sempre esperava que um dia alguém ia agradecer, como fez o seu Adécio”, falou, bastante emocionada.
Depois, bem mais à vontade, conversa com pai, mãe, irmãos, filhos e parentes de Claudenice Lopes (Nice) |
“É um momento ímpar, difícil de descrever. Eu
sentia necessidade desse encontro, de estar com essa família solidária. Me
sinto feliz de estar ao lado de seu Manoel, de dona Josefa, dos filhos e dos
irmãos da Nice, da comunidade em geral, do Padre Isaias, do José Bonifácio, do Carlos Biah, do Erivaldo Araújo... Estou me sentindo aliviado,
leve, feliz”, disse o senhor Adécio, após o encontro com os
familiares de Claudenice Lopes (Nice).
Adécio de Assis Gonçalves conversou durante algumas horas com a família de Claudenice Lopes de Sousa |
“Quando vi seu Adécio, senti muita força, é como se
tivesse vendo minha filha. A emoção é muito grande. Tô vendo um pedaço da minha
filha, ajudou a salvar uma pessoa que tava precisando”, agradeceu o pai,
senhor Aldênio.
O artista plástico
Adécio Gonçalves passou algumas horas conversando com a família e, no final da
tarde, retornou ao Hotel Santo Antonio, onde está hospedado. Neste
domingo (24) concederá entrevista à Rádio Comunitária Rio Taquara FM, junto com
o pai e a mãe de Claudenice Lopes, além do Padre Isaias Pereira, com quem vinha
mantendo contato nos últimos dias, e depois vai almoçar com familiares e amigos da Nice, no
Bairro Bela Vista.
Finalmente, à noite, Adécio Gonçalves se fará presente à Santa
Missa, celebrada pelo Padre Isaias Pereira, na Igreja Matriz de Santa Filomena.
Com um gesto de amor ao próximo,essa família humilde salvou vidas.Sejamos todos irmãos!!! Só quem passa por esse problema ,sabe o quanto essa família ,que hoje também é nossa fez a alegria voltar em nosso lar.Obrigada Senhor,obrigada Piauí e Ceará.VIVA O NORDESTE !!!
ResponderExcluir