quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Cai índice de chuvas no cerrado do Piauí e média anual fica 28% menor

Imagem: José Bonifácio/GP11(Imagem:José Bonifácio/GP1)A instabilidade climática na região do cerrado piauiense, com redução do índice de chuvas e ocorência de veranicos ...

O comportamento anual de precipitação no período compreendido entre 1984 e 2014 (31 anos) mostra uma grande variação anual na distribuição das chuvas na região do cerrado piauiense, especialmente no município de Santa Filomena, um dos cinco maiores produtores de grãos do Estado do Piauí, que apresentou pluviosidade máxima de 2.870,1 milímetros no ano de 1985, mínima de 1.000,7 milímetros no ano de 1986 e média de 1.512,5 milímetros.

No ano de 2014, por exemplo, choveu apenas 1.091,0 milímetros, representando 28,58% a menos do que a média histórica de 30 anos (1984 a 2013), que estava em 1.527,5 mm. Com isso, a média anual, que em 2009 ficou em 1.555,6 mm, caiu em 2014 para 1.512,5 milímetros.


Imagem: José Bonifácio/GP1... (Imagem:José Bonifácio/GP1)... preocupa agricultores e também pecuaristas, já que a pouca oferta de biomassa sacrifica a alimentação do rebanho

O mês com maior pluviosidade foi março (195,5 mm). Depois dezembro (194,0 mm), novembro (170,5 mm), fevereiro (146,0 mm), janeiro (145,5 mm) e abril (145,0 mm).

Em maio choveu 53,0 milímetros. O mês de setembro foi praticamente seco (somente 2,5 mm) e em outubro a precipitação alcançou 39,0 mm. Não ocorreu chuva de junho a agosto.

A distribuição anual das chuvas na região de Santa Filomena indica que, em 48% dos anos (quinze anos), a média anual ultrapassou 1.500 mm (1985 = 2.870,1mm; 1987 = 1.617,5mm; 1989 = 1964,2mm; 1992 = 1.527,5mm; 1994 = 1.592,0mm; 1999 = 1.509,5mm; 2000 = 1.545,5mm; 2002 = 1.546,5mm; 2004 = 1.853,5mm; 2005 = 1.744,5mm; 2006 = 1.605,0mm; 2008 = 1.648,5mm; 2009 = 2.067,0mm; 2011 = 1.553,5mm; 2013 = 1.514,5mm), sendo 2013 o último ano em que o fato ocorreu (1.514,5 mm), o que nos permite entender que, apesar das mudanças no uso do solo (desmatamentos), nos últimos anos continuaram os altos índices.


Imagem: José Bonifácio/GP1No último dia de 2014(Imagem:José Bonifácio/GP1)No último dia de 2014 choveu 12,5 milímetros na cidade de Santa Filomena (PI), fechando o ano com 1.091,0 milímetros
 
O que preocupa é a variação e a má distribuição das precipitações. Nos últimos 6 (seis) anos (2009 = 2.067,0 mm; 2010 = 1.188,0 mm; 2011 = 1.553,5 mm; 2012 = 1.178,5 mm; 2013 = 1.514,5 mm; 2014 = 1.091 mm), verifica-se que em um ano chove bem e, no outro, não.

A instabilidade climática na região levanta dúvidas sobre o volume da safra, sobretudo de soja. Além dos prejuízos com o replantio e o atraso no calendário do cultivo, o cenário que está se tornando comum (tempo seco e quente) também traz outro problema: o ataque de pragas.

Porém, apenas em 9,6% dos anos (três anos), a precipitação ficou próxima dos 1.000 milímetros (1984 = 1.005,0mm; 1986 = 1.000,7mm; 1998 = 1.024,0mm). No restante do período (treze anos), a média anual esteve acima dos 1.000 mm e abaixo dos 1.500 mm.


Imagem: José Bonifácio/GP1De acordo com a meteorologia, (Imagem:José Bonifácio/GP1)De acordo com a meteorologia, 2015 vai começar com sol, alternando com pancadas de chuva e possíveis trovoadas

As médias mensais dos 31 anos aqui avaliados caracterizam duas estações na mesorregião; a estação das águas ou inverno (novembro a abril) e a estação da seca (maio a outubro), que é característico do Bioma Cerrado. Os meses críticos para o regime hídrico em Santa Filomena são os de junho, julho e agosto, que em 2014 não registraram qualquer ocorrência de chuvas.

Durante esses 31 anos, segundo dados do EMATER-PI, os meses que apresentaram a maior incidência de chuva foram: Novembro = 186,6 mm (precipitação mínima de 19,5 mm em 1984 e máxima de 324,0 mm em 1999; Dezembro = 244,2 mm (mínima de 88,5 mm em 2011 e máxima de 744,5 mm em 1985; Janeiro = 251,8 mm (mínima de 58,0 mm em 1993 e máxima de 685,0 mm em 2004); Fevereiro = 235,6 mm (mínima de 27,5 mm em 2013 e máxima de 480,0 mm em 2007); Março = 283,5 mm (mínima de 107,0 mm em 1992 e máxima de 533,5 mm em 2005); e Abril = 155,9 mm (mínima de 8,0 mm 2011 e máxima de 384,5 em 2009).


Imagem: Dhiancarlos Pacheco1(Imagem:Dhiancarlos Pacheco)Na última grande enchente do rio Parnaíba, em 10 de janeiro de 2002, até a Prefeitura de Santa Filomena ficou inundada

Enchentes
– Embora em anos seguintes tenha se verificado altos índices pluviométricos, como em 2004 (1.853,5 mm), 2005 (1.744,5 mm), 2006 (1.605,0 mm), 2008 (1.648,5 mm) e 2009 (2.067,0 mm), a última grande enchente no alto rio Parnaíba aconteceu no dia 10 de janeiro de 2002, alagando áreas das cidades de Santa Filomena (PI) e Alto Parnaíba (MA).

Em Santa Filomena, as águas do Parnaíba cobriram parte das ruas Leônidas Melo, Padre Piage e Presidente Getúlio Vargas e toda a Avenida Barão de Santa Filomena, deixando a sede da Prefeitura Municipal submersa, literalmente, conforme imagem acima, de autoria de Dhiancarlos Pacheco. Naquele janeiro de 2002, choveu 559,5 mm, levando o então prefeito, Ernani de Paiva Maia, a decretar, no dia 18/01, ‘estado de calamidade pública’.

Imagem: José Bonifácio/GP1SECA VERDE:(Imagem:José Bonifácio/GP1)SECA VERDE 2013: Prejuízos na agropecuária levaram o prefeito Esdras Avelino a decretar 'Situação de Emergência'

Seca Verde
- Por outro lado, o maior veranico da história de Santa Filomena, que deixou o setor agropecuário em um momento crítico, deve ter sido o que se prolongou de 28 de janeiro a 14 de março de 2013 (45 dias com baixíssima ocorrência de precipitação pluviométrica). Naquela época, foram registradas apenas 9 (nove) chuvas, totalizando 105 milímetros.
Durante todo o mês de fevereiro, fase reprodutiva da soja, choveu 27,5 milímetros.

As perdas agrícolas chegaram a 70% (setenta por cento) nas lavouras de soja, 90% (noventa por cento) na produção de milho e 95% (noventa e cinco por cento) na de arroz de sequeiro.

Na agricultura familiar, também muito prejudicada, as perdas calculadas chegaram a 90 por cento na produção de milho, 70% no feijão e 95% (noventa e cinco por cento) no arroz.

Do mesmo modo, na atividade pecuária se estimou que 70% (setenta por cento) das áreas cultivadas com forragens foram comprometidas, tendo em vista que não ocorreram condições favoráveis para a reforma e recuperação das pastagens, sacrificando assim a alimentação animal e, consequentemente, a manutenção do rebanho pela baixa oferta de biomassa.


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