quinta-feira, 3 de abril de 2014

Mesmo com o avanço da soja e do milho, ainda se planta arroz no Cerrado

Imagem: José Bonifácio/GP11(Imagem:José Bonifácio/GP1)O plantio de arroz de sequeiro no cerrado do Piauí começou na Faz. Baixa Serena, a 40 quilômetros de Santa Filomena

A cultura do arroz de sequeiro, pouco exigente em insumos e tolerante a solos ácidos, teve um destacado papel como cultura pioneira durante o processo de ocupação agrícola do Cerrado, iniciado na década de 60. No Piauí, começou pelo município de Santa Filomena, no ano de 1978, quando os pioneiros Antonio Luis Avelino Filho e Esdras Avelino Filho realizaram, na Fazenda Baixa Serena, distante 40 quilômetros da cidade, o primeiro plantio mecanizado.

Esse processo de abertura de área teve seu pico no período 75-85, em que a cultura chegou a ocupar área superior a 4,5 milhões de hectares. O sistema de exploração caracterizava-se pelo baixo custo de produção, devido à pouca adoção das práticas recomendadas, incluindo plantios tardios. Entretanto, a significativa ocorrência de veranicos fazia com que a cultura apresentasse uma produtividade média muito baixa, ao redor de 1.350 kg/ha, sendo assim considerada como de alto risco e gerando centenas de casos de Proagro (Seguro Agrícola).


Imagem: José Bonifácio/GP12(Imagem:José Bonifácio/GP1)Mais de 30 anos depois, o plantio do arroz de terras altas representa só 3% da área dos cerrados na safra 2013/2014

Apesar desse panorama pouco promissor, que culminou com a falência da maioria dos agricultores - são poucos os que conseguiram se manter na atividade -, naquele período a pesquisa já oferecia um leque de alternativas para a minimização da adversidade climática, incluindo cultivares tolerantes à seca, classificação do grau de risco em todos os municípios produtores, adequação da época de semeadura e do ciclo das cultivares, preparo de solo e manejo de fertilizantes, visando aprofundamento radicular e aumento da reserva útil de água no solo, além de técnicas do manejo integrado de pragas, doenças e plantas daninhas.

Com a progressiva redução das áreas de abertura, em meados da década de 80, a área cultivada com arroz sob o sistema de cultivo de sequeiro, foi sendo gradativamente reduzida, ao mesmo tempo em que a fronteira agrícola se moveu no sentido sudeste-noroeste do Brasil.


Imagem: José Bonifácio/GP13(Imagem:José Bonifácio/GP1)
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5(Imagem:1)Mas os produtores que insistem com o cultivo de arroz de sequeiro nas serras do Piauí conseguem boa produtividade

A conseqüência desse movimento foi a redução do risco climático, o que tornou mais propícia a aplicação das tecnologias recomendadas pela pesquisa. Para novas e promissoras áreas, a criação de cultivares de tipo de planta moderno (estatura e perfilhamento intermediários, com folhas eretas), de maior potencial produtivo e grão do tipo "agulhinha", além do crescimento do nível de insumos aplicados, motivado pela melhor relação custo/benefício, trouxe um substancial aumento da aceitação do produto pela indústria/consumidores.

Apenas 3% da área plantada nos Cerrados – Atualmente, nos cerrados do Piauí, a área plantada com a cultura do arroz de sequeiro é pouco significativa. Em toda a região de Santa Filomena, por exemplo, temos menos de 4 mil hectares cultivados com o “arroz de terras altas” na safra 2013/2014, ante os 115 mil hectares de soja e cerca de 15 mil hectares com milho.


Imagem: José Bonifácio/GP1João Lustosa:(Imagem:José Bonifácio/GP1)JOAO LUSTOSA: "Pelo aspecto atual da lavoura, acredito que vai dar para colher em torno de 65 sacas por hectare"
 
Um dos poucos remanescentes, que ainda insistem em plantar arroz de sequeiro no cerrado piauiense, é o senhor João Lustosa Avelino, ex-presidente da Câmara e ex-prefeito de Santa Filomena, que plantou 40 hectares da variedade Cambará, na Fazenda Folha Larga, e pretende colher 2.500 sacas, com produtividade média acima de 60 sacas/hectare.

“Pelo aspecto atual da lavoura, já soltando o cacho, e com as condições climáticas normais, acredito que vai dar para colher em torno de 65 sacas por hectare”, diz Lustosa.


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